Blubell, para embalar o fim de semana.
Blubell é uma cantora diferente. Canta uma MPB que é ao mesmo tempo moderna e retrô, e tem uma sonoridade peculiar, um timbre suave e por vezes ácido. Mistura inglês, português, francês e sotaques carregados, em tom de tragicomédia.
Equaciona pianos e metais de jazz com samples, batuques e efeitos sonoros modernos. Suas letras também carregam esse aspecto agridoce, essa constante oscilação entre o tempo atual e o passado, com títulos que vão de “eu sou do tempo em que a gente se telefonava” a “diva é uma ova”.
A indicação musical de hoje, uma das minhas preferidas do repertório dela, é uma dessas brincadeiras temáticas, algo que seria efetivamente muito cômico se não fosse trágico. A começar pelo nome: A Mulher Solteira e o Homem Pavão.
Autoexplicativo, não? O retrato de um date frustrado, um novo hino para estes tempos de cultura do like e mercantilização das relações amorosas? Uma piadinha inocente?
Bom, vou deixá-la contar a história:
Feminista, progressista, de esquerda. Libriana com ascendente em touro. Operadora do direito que teima em cultivar a fé na justiça. Hedonista, ridiculamente deslumbrada pela vida, sem controle do volume da própria voz. Demasiada. Aspirante a cantora e escritora. Livre.